Perito do trabalho sobre furto doméstico: “A indignação é humana, mas a reação precisa ser legal”
O flagrante de uma empregada furtando dinheiro dentro da casa de um idoso, em Juiz de Fora (MG), gerou enorme repercussão e reacendeu uma questão sensível: como o empregador deve agir diante de um crime sem ultrapassar os limites legais?
O perito do trabalho Edgar Bull analisou o caso e reforçou que o equilíbrio é a chave entre a indignação e o respeito à lei.
“A indignação é humana, mas a reação precisa ser legal. É compreensível se revoltar diante de uma traição de confiança, mas qualquer atitude fora da lei pode transformar a vítima em réu”, destacou o perito.
Provas antes de punição
De acordo com Bull, o primeiro passo deve ser reunir provas concretas e registrar o caso em boletim de ocorrência. “A Justiça exige provas, não emoções”, ressalta.
“É importante registrar tudo — imagens, depoimentos e até conversas — de forma que o processo ocorra de maneira segura e legítima”, explica.
Riscos da exposição pública
O perito alerta que expor o suspeito nas redes sociais é um erro comum que pode gerar outro processo.
“Mesmo que haja provas, a exposição pública pode configurar dano moral e causar consequências legais para o empregador. A lei precisa ser o canal, não as redes sociais”, adverte Bull.
Quando cabe justa causa
Segundo o especialista, a demissão por justa causa é legítima em casos de furto comprovado, desde que formalizada corretamente e acompanhada de registro policial.
“A CLT é clara: o furto é falta gravíssima. Mas isso não elimina a necessidade de seguir o procedimento correto. A precipitação pode anular a justa causa”, reforça o perito.
Equilíbrio e segurança jurídica
Para Bull, a lição que fica é simples: agir com calma, respaldo e orientação é o que diferencia a justiça da injustiça.
“O verdadeiro poder está em saber reagir dentro da lei. A raiva passa; o processo fica”, conclui o perito.
